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03/07/2024
Crédito malparado recuou 22% no último ano
São as contas da Prime Yield no seu estudo “Keep an Eye on the NPL&REO Markets – Portugal, Spain, Greece and Brazil”.
Crédito malparado recuou 22% no último ano

No último ano, Portugal foi um dos países europeus com melhor desempenho na redução de crédito malparado. Concentrando 2% do stock de NPL na Europa, o país contabilizava 5.600 milhões de euros de crédito em incumprimento no sistema financeiro nacional no 3º trimestre de 2023, volume que apresenta uma redução de 22% face aos 7.200 milhões de euros registados no mesmo período de 2022.

São as contas da Prime Yield no seu estudo “Keep an Eye on the NPL&REO Markets – Portugal, Spain, Greece and Brazil”, que aponta que, na comparação homóloga, apenas a Grécia, com um stock de NPL de 8.300 milhões de euros, e a Croácia, com um stock de NPL ligeiramente abaixo dos 1.000 milhões de euros, registaram maiores reduções que Portugal, com decréscimos em torno dos 25%.

No panorama europeu, a queda homóloga no 3º trimestre de 2023 foi de 1,3% para um stock de NPL de 362.700 milhões de euros. Entre julho e setembro, Portugal registou uma redução de 11% no volume de crédito malparado, evidenciando-se ao contrariar a tendência predominante na Europa no trimestre.

No período em análise, mais de metade dos países da União Europeia aumentaram ou estabilizaram o seu stock de NPL em termos trimestrais. Isso mesmo é visível no resultado agregado, com o montante de NPL na Europa a aumentar 0,5% para 362.700 milhões de euros.

Rácio de NPL evoluiu positivamente em Portugal

No último ano, também o rácio de NPL evoluiu positivamente em Portugal. Este indicador fixou-se em 2,8% no 3º trimestre de 2023, desagravando face aos 3,1% registados em igual período de 2022 e ficando, pela primeira vez, abaixo da marca de 3,0%. Apesar disso e dos avanços na redução do montante em incumprimento, Portugal mantém um dos rácios mais elevados na Europa, onde o indicador agregado é de 1,8%.

Quanto às dinâmicas de crédito malparado nas empresas, estas continuam a gerar o maior volume de crédito malparado, 63% do total nacional, mas são também o segmento com a maior redução de stock, de -24%, face ao 3º trimestre de 2022. Do montante de malparado nas empresas, 46% diz respeito a crédito com garantias imobiliárias.

Famílias assumem 34% do crédito em incumprimento

Já o segmento de famílias assume 34% do crédito em incumprimento no país, no valor de 1.900 milhões de euros, dos quais mais de metade está concentrado no crédito à habitação. No malparado às famílias, a redução foi de 17% face ao período homólogo.

«O progresso do último ano dá continuidade à forte desalavancagem do pós-crise financeira, a qual resulta, por um lado, da maior solidez da banca, que atualmente pratica condições de concessão de crédito mais restritivas e que simultaneamente fortaleceu os níveis de provisionamento. Isso resultou numa redução do volume de crédito malparado detido no sistema financeiro, ao mesmo tempo que não se registaram novas vagas de incumprimento. Por outro lado, esta desalavancagem traduz também a intensa dinâmica de vendas de carteiras de crédito malparado dos últimos anos», diz Francisco Virgolino, Managing Director da Prime Yield.

O universo de carteiras ativas para negociação tem vindo a reduzir-se e a atividade transacional a perder dinâmica

No entanto, «isso também significa que temos hoje um mercado de venda deste tipo de ativos muito menor do que antes. O universo de carteiras ativas para negociação tem vindo a reduzir-se e a atividade transacional a perder dinâmica. Atualmente temos menos carteiras a chegar ao mercado e as que chegam têm menor dimensão do que antes, o que naturalmente levou a uma quebra nos volumes de NPL transacionados», acrescenta.

De acordo com o estudo da Prime Yield, em 2023 a venda de carteiras de crédito em incumprimento no país terá atingido 1.400 milhões, numa diminuição de 18% face aos 1.700 milhões de euros transacionados em 2022, os quais apresentaram já uma quebra na ordem dos 50% face à atividade registada em 2021.

Na realidade, o valor estimado para 2023 supera apenas os cerca de 1.000 milhões de euros de transações contabilizados em 2020, ano em que atividade praticamente paralisou devido à chegada da pandemia.

Em relação à atividade de venda de carteiras de malparado este ano, Francisco Virgolino defende que «a transação de NPL em Portugal em 2024 deverá animar, sendo especialmente dinamizada pelo mercado secundário, onde devem surgir mais oportunidades. Paralelamente, assistir-se-á a uma maior atividade nas vendas corporativas de servicers, seguindo a tendência internacional de consolidação deste segmento».