Estatísticas
04/14/2023
Custos de construção de habitação aceleraram 23% no último ano, aponta SICC
Em 2022, construir habitação em Portugal representou um custo médio de 1.495€/m².
Custos de construção de habitação aceleraram 23% no último ano, aponta SICC

Os resultados preliminares do novo sistema estatístico SICC – Sistema de Informação de Custos de Construção apontam para um crescimento de 23% dos custos de construção de habitação no país, no último ano. Em 2022, construir habitação em Portugal representou um custo médio de 1.495€/m², mais 23% que os 1.214€/m² que custava no ano anterior.

Atualmente em fase piloto e envolvendo uma amostra de mais de uma centena de orçamentos para a construção residencial, as estatísticas resultantes do sistema desenvolvido pela Confidencial Imobiliário, em colaboração com a Universidade do Porto, apresentam uma segmentação por tipo de obra e por elemento construtivo para o agregado nacional, além de permitirem para já aferir o custo de construção também para Lisboa.

Construir habitação em Lisboa teve custo médio de 1.635€/m² em 2022

Na capital, construir habitação teve um custo médio de 1.635€/m² em 2022, de acordo com os resultados preliminares do SICC. Este valor representa um aumento de 11% face aos 1.474€/m² apurados para 2021. Lisboa apresenta um «aumento menos robusto dos custos de construção» do que o total nacional, ao mesmo tempo reduzindo o seu diferencial face ao país.

Neste sentido, o SICC evidencia que construir habitação em Lisboa custava mais 9% do que no total nacional, em 2022, ao passo que em 2021 essa diferença de custo era de mais 21%.

Reabilitação envolve custo 22% acima da construção nova

Em termos de tipo de obra, os dados do SICC mostram que a reabilitação envolve um custo 22% acima da construção nova, no cômputo nacional, comparando-se um valor médio de 1.725€/m² com 1.412€/m², respetivamente.

No que diz respeito à evolução, observa-se, também, um maior aumento na reabilitação, onde o custo total cresceu 38% no último ano, ao passo que o incremento na construção nova foi de 19%. Em termos de estrutura de custos, os custos não-estruturais absorvem a maior fatia do valor exigido para a construção quer num quer noutro tipo de obra, designadamente, 34% do custo total da construção nova e 25% na reabilitação, conforme os dados do SICC.

No entanto, o maior aumento anual observou-se nos custos gerais: duplicaram em ambos os tipos de obra. Na reabilitação esta é uma rúbrica que consumiu em 2022 cerca de 21% do custo total e na construção nova cerca de 16%.

“SICC tem a enorme vantagem de produzir estatísticas atualizadas, abrangentes e representativas dos custos de construção”

Segundo Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, «atualmente há uma crescente incerteza e o controlo de custos de construção é uma situação que exerce agora uma maior pressão do que a questão referente aos preços. O SICC tem a enorme vantagem de produzir estatísticas atualizadas, abrangentes e representativas dos custos de construção, assumindo um papel crucial para ter uma referência nesta área. Além disso, tem a enorme vantagem de permitir desenvolver, no futuro, um índice que permita acompanhar a sua evolução, o que será uma ferramenta essencial para gerir esta que é atualmente uma fonte de grande entrave ao bom funcionamento do mercado».

De recordar que o SICC tem por base os orçamentos elaborados para efeitos de financiamento à promoção imobiliária, dirigindo-se a promotores imobiliários, empresas de construção, instituições financeiras, avaliadores imobiliários, projetistas e arquitetos.

Envolvendo dados de cerca de 100 orçamentos de obras disponibilizados por empresas de avaliação especializadas em crédito à promoção imobiliária, a fase piloto do SICC foi realizada em parceria com as principais instituições financeiras nacionais, incluindo o BPI, a Caixa Geral de Depósitos, o Crédito Agrícola, o Millennium bcp, o Montepio Geral, o Novo Banco e o Santander Totta.

Vasco Peixoto de Freitas assinalou, na 10ª Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa, que «dispor destes dados dinâmicos torna-se ainda mais relevante, tendo em conta a conjuntura atual».