Torres Vedras está a crescer e atrai nova população dia após dia, sobretudo famílias. E o município está apostado em continuar a atrair mais investimento imobiliário, que responda às necessidades do concelho e da população, principalmente em matéria de habitação.
A garantia foi dada pela presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Laura Rodrigues, que foi a convidada da mais recente Executive Breakfast Session que a APPII organizou em Lisboa. Referiu que «estamos a tentar corresponder a essa grande procura por habitação e a melhorar a nossa oferta. Queremos corresponder ao que o público nos solicita».
A autarca elencou o investimento municipal variado que tem sido feito numa cidade que «não é grande nem pequena» e por isso não se compara com a maior parte dos outros municípios da Comunidade Intermunicipal do Oeste. Este é um território «com muita ruralidade e qualidade, fértil, com crescimento e desenvolvimento, com investimento em educação, ciência e tecnologia».
Torres Vedras tem atualmente 83.000 habitantes, número que tem vindo a crescer significativamente na última década. «São principalmente as famílias que nos procuram, que se deslocam de outros centros urbanos, nomeadamente de Lisboa». Prova disso é que 48% dos habitantes mudou de residência de outro concelho nos últimos 2 anos. Uma das coisas que procuram é educação, e Laura Rodrigues congratula-se com as escolas públicas e privadas «de muita qualidade» do concelho, incluindo a nova Escola Internacional de Torres Vedras.
Destaca ainda as infraestruturas de saúde, e as novas unidades de privados que «têm ocupado o espaço que o Serviço Nacional de Saúde tem deixado vago nos últimos anos». Estas são apenas algumas das características que a autarquia quer continuar a promover para atrair mais população, investimento, e continuar a desenvolver o concelho.
Investimento municipal em habitação está a avançar
Sobre a habitação em particular, Laura Rodrigues recordou que já está definida a estratégia municipal de habitação do município: «a nossa Carta Municipal está praticamente pronta, e identificou várias necessidades que temos, sobretudo a classe média».
Para responder a esta necessidade, a autarquia já adquiriu vários edifícios no centro histórico de Torres Vedras que vai reabilitar e colocar no mercado (cerca de 90 fogos, para já). As aquisições foram feitas com recurso a financiamento do PRR, mas um montante de comparticipação de 50% em vez dos 100% inicialmente previstos, pois «os valores de financiamento não nos permitiam adquirir e reabilitar nessas condições», apontou a autarca.
Seja como for, falta muita oferta de habitação para a classe média, «centenas de fogos», segundo Lauda Rodrigues, que garante que a autarquia vai continuar a trabalhar em modelos que possam ser atrativos para os promotores privados entrarem neste mercado.
“Precisamos de um grande investimento em hotelaria”. Novo PDM dá nova visão ao turismo
A Câmara Municipal de Torres Vedras está atualmente a terminar a revisão do seu Plano Diretor Municipal (que ficará concluído ainda este ano), e quer aproveitar para incluir nele uma «nova visão» para o urbanismo, incluindo para a área do turismo.
Laura Rodrigues recorda que «precisamos de um grande investimento em hotelaria. Temos 20 km de costa e muito poucos hotéis, apenas um na cidade». Por isso, a autarquia quer identificar zonas do concelho onde a atividade turística se pode desenvolver.
No que diz respeito à habitação, a autarquia nota que já muitos imóveis comerciais têm sido convertidos em habitação, uma questão facilitada com a entrada em vigor da nova legislação do “Mais Habitação”. E o novo PDM já vai incorporar essas possibilidades de uma forma mais abrangente, segundo a autarca.
Simplex pode trazer “uma grande complicação interna”
Comentando o novo Simplex do licenciamento urbanístico, que já entrou em vigor, Laura Rodrigues garantiu que a autarquia já está a iniciar o seu trabalho de adaptação à nova legislação. «Já tínhamos começado a usar uma plataforma para entrega dos processos de forma digital, e agora com a entrada do novo Simplex tivemos de parametrizar tudo novamente».
A autarca tem alguns receios com o novo diploma. Acredita que não há dois lados (privado e público), e sim apenas um, do interesse comum. «Este este processo, que se espera que simplifique bastante as coisas para o particular, traz uma grande complicação interna nas câmaras, há processos que nos estão a demorar mais tempo. O Simplex não melhora tudo, e precisávamos de melhorias também para o nosso lado». Mas remata que «a lei é para cumprir, e cabe-nos a nós fazer as adaptações conforme pudermos, sem prejudicar investidores ou particulares».