O investimento estrangeiro em habitação na Área de Reabilitação Urbana de Lisboa somou os 324,7 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, menos 19% que no segundo semestre de 2019, mesmo antes do início da pandemia. É o montante de investimento estrangeiro mais baixo registado desde o primeiro semestre de 2018.
Este montante de investimento diz respeito à compra de 625 imóveis residenciais na ARU da capital, -28% que no segundo semestre de 2019, comparando com os 870 imóveis transacionados nessa altura.
Segundo os dados apurados pela Confidencial Imobiliário, que abrangem transações de habitação concretizadas apenas por particulares na ARU de Lisboa, a atividade do primeiro semestre deste ano fica abaixo de qualquer dos semestres de 2020, quer em número de operações, quer em montante de investimento. A descida ronda os 15% no volume de investimento e os 20% no número de imóveis transacionados.
O investimento estrangeiro representa agora 31% do investimento residencial na ARU de Lisboa, que compara com a quota de 37% antes da pandemia, e de 40% registada ao longo do ano passado. No primeiro semestre deste ano, os portugueses investiram 726 milhões de euros em 2.018 imóveis na ARU de Lisboa, mais 5% que o investido em 2019 e mais 25% face a 2020.
Ainda assim, a Ci destaca que os estrangeiros aumentaram o montante médio por operação, posicionando o seu ticket médio de investimento neste semestre em 521.100 euros, um patamar máximo para este público. Este valor fica mais de 51% acima do montante médio investido pelos portugueses no mesmo período, na ordem dos 345.900.
Até junho, investiram em Lisboa particulares de 58 nacionalidades distintas, com os franceses a liderar com 22% do volume investido por estrangeiros, seguidos dos britânicos, com 14%, dos chineses, com 12%, dos norte-americanos, com 8%, ou dos brasileiros, com 7%.
Segundo a Ci, o comportamento destes compradores face ao pré-Covid é, contudo, bastante distinto. Enquanto os chineses e brasileiros, que no último semestre de 2019 lideravam o investimento estrangeiro, reduziram o volume investido em cerca de metade, os franceses e os britânicos aumentaram a sua atividade (crescimentos de 57% e 38%, respetivamente, face ao segundo semestre de 2019), o mesmo verificando-se com os norte-americanos, que quase duplicaram a sua atividade entre os dois períodos.
É a freguesia de Santo António que reúne o maior volume de investimento em habitação na ARU de Lisboa, com 15% do montante investido (48 milhões de euros), apesar de ter perdido representatividade face ao pré-Covid, quando representava 21%. Seguem-se as Avenidas Novas, com 47 milhões de euros investidos por estrangeiros (14%), além de Arroios e Estrela, com 45,5 e 44 milhões de euros investidos, e quotas de 14%. Na Misericórdia foram investidos 36 milhões de euros em habitação, 8% do total.
De recordar que a ARU de Lisboa cobre praticamente todo o território da cidade, excluindo algumas zonas como o Parque das Nações, as Laranjeiras ou a Alta de Lisboa. Tendo isso em conta, para os fins da presente análise, consideram-se todas as freguesias da cidade, excluindo as do Parque das Nações, Lumiar e Santa Clara.