Construção
11/26/2019
APPII Workshop | Are you brave? | November 21th
Construção pede maior industrialização do setor
APPII Workshop | Are you brave? | November 21th

A sustentabilidade ambiental ou a necessidade de fazer face ao aumento dos custos de construção são apenas alguns dos motivos pelos quais é necessário aumentar a industrialização da construção em Portugal. Este foi um dos principais temas debatidos no workshop “Are you brave?”, organizado pela APPII.

O edifício Victoria acolheu a 21 de novembro este evento sob o mote “O futuro da promoção imobiliária”. No painel dedicado à construção, António Carlos Rodrigues, CEO da Casais, afirmou que «temos de nos convencer de que somos uma indústria, e afastámo-nos muito deste conceito nos últimos anos», acredita. «Se queremos mesmo industrializar, temos de ir à incorporação de componentes. Essa é a única forma de sermos produtivos em fase de obra». Além disso, considera essencial «trabalhar com todos os parceiros».

A empresa em particular consegue produzir internamente «tudo o que um edifício tem». Exemplo disso é também o JPS Group, que tem uma equipa dedicada à parte de produção para a otimização de processos. «Temos de ter o domínio completo do sistema» numa logica de verticalização, considera João Sousa, CEO do grupo.

Por outro lado, Pedro Gonçalves, Head of Real Estate da EIFAGE, deu o testemunho da recente compra de três empresas das áreas da construção e sustentabilidade. Uma delas faz pré-fabricados de lavabos e cozinhas, por exemplo. Luís Gamboa, COO da VIC Properties, afirma que a empresa já trabalha «sempre em ambiente BIM. Temos uniformizações que permitem ter as coisas em fabrico, para que o processo seja o mais industrializado possível. Mas há ainda alguma cultura de que o que é pré-fabricado pode não ser o melhor», comenta.

Paulo Barradas, CEO da Norfin, considera que «em Portugal tem de haver mais espírito de associação, temos de nos associar mais a nível de cadeia de valor para entregar uma solução eficiente, mesmo que não seja sempre a mais barata», o que aumenta «a probabilidade de não haver acertos e correções».

A escala parece ser um dos principais desafios, e atualmente o custo da construção convencional continua a compensar o industrial. «Não temos escala para termos preços competitivos em determinadas áreas. Cabe-nos a nós encontrar soluções que consigam colocar o ramo da construção como máquina de produção», diz João Sousa.

Futuro da promoção passa pela diferenciação e novos canais

O futuro da promoção imobiliária deverá passar pela diferenciação e pela aposta em novos canais. Num momento de transição do mercado, esta foi uma das principais discussões do mais recente workshop “Are you brave?”, da APPII.

«Temos de pensar melhor o marketing para aumentar o peso das vendas diretas e diminuir os custos», acredita Paulo Loureiro, CEO da Louvre Properties, que considera que a aposta tem de estar também na diferenciação: «há muitos produtos e promotores que têm comunicação muito parecida».

Este foi o tema de um dos painéis do workshop “Are you brave?”, organizado pela APPII sob o mote “O futuro da promoção imobiliária”, que reuniu a 21 de novembro cerca de 120 profissionais em Lisboa.

A Vanguard Properties já está apostada na venda direta, e José Cardoso Botelho, Executive Managing Director, não hesita em afirmar que «a rentabilidade desse investimento tem sido muito boa». Carlos Patrício, administrador da Pujol Invest, acredita que «a solução são as vendas diretas» e novas bases de dados «de contactos de quem procura o mercado português». Exemplo disso é também a criação da marca Five Stars, da Habitat Invest, que comercializa as unidades de alojamento local da empresa.

Todos os especialistas reunidos neste workshop parecem concordar que o mercado está a passar por uma fase de transição, depois de «uma situação anormal em que não se construiu durante muito tempo», atesta Carlos Vasconcellos, Executive Chairman da Quantico SA. «Na Quantico, começámos pela reabilitação, mas neste momento olhamos para o que sustenta o mercado, que é volume de produto a preços mais baixos para as famílias portuguesas».

Luxo evolui para uma experiência

Em tempos de transição, também o mercado de luxo, que registou um grande crescimento no nosso país nos últimos anos, vai ter de evoluir e incorporar cada vez mais uma experiência para o cliente.

Pedro Vicente, administrador da Habitat Invest, salientou uma maior «orientação para as experiências sensoriais e para a pessoa. Na Habitat estamos a trabalhar nesse sentido através de produtos alternativos».

Enquanto especialista neste mercado, a Vanguard Properties está apostada nessa diferenciação, e em dezembro vai lançar uma linha de aromas exclusivos, além de músicas compostas para cada projeto da empresa. No fundo, «estamos a criar um sistema de apoio ao consumidor, para uma experiência diferente».

Já Paulo Loureiro acredita que, se até agora «o que mais vendeu foi a localização», no futuro «o luxo será muito mais fragmentado. Podemos ter de vender novas localizações de luxo, também para o “mass market”». Também a Quantico concorda com esta linha de pensamento, procurando o «”affordable luxury”, muito diferente do luxo de um projeto de reabilitação. A equação é muito diferente, nomeadamente tendo em conta a funcionalidade, a localização, arquitetura de interiores ou iluminação».