Habitação
09/10/2020
Imobiliário está confiante numa retoma forte
O mundo inteiro está ainda a sentir o primeiro impacto da crise sanitária, e Portugal não é exceção. Mas o setor imobiliário mostra-se otimista e confiante numa recuperação sólida, e na criação de novas oportunidades.
Imobiliário está confiante numa retoma forte

Esta foi uma das principais conclusões tiradas da sessão “A economia Portuguesa em tempos de crise e o impacto no mercado imobiliário”, o primeiro debate da COPIP. Na sua apresentação, Miguel Maya, CEO do Millennium bcp, partilhou que, apesar dos impactos negativos significativos, «há sinais encorajadores, mas temos de entender os riscos». Nem todos os setores estão a ser igualmente impactados pela crise, e o imobiliário poderá ser um dos menos afetados. 

«A pandemia não está a ter um efeito negativo no preço do imobiliário residencial, nem em Portugal nem ao nível do mercado europeu e norte-americano, assim como o crédito à habitação abrandou mas a procura não se evaporou. As pessoas têm a noção que a crise resulta da pandemia e têm perspetivas de forte retoma económica após a disponibilização de uma vacina». Miguel Maya salienta ainda que as previsões relativas à evolução do PIB e do emprego levam a que o investimento em habitação continue a ser prioritário: «as taxas de juro muito baixas, por um horizonte temporal mais dilatado estimulam a canalização da poupança para o investimento, com destaque para o investimento imobiliário». 

«Esta crise traz enormes oportunidades, e deverá ter duração limitada no tempo. Estímulos financeiros e fiscais permitirão forte recuperação», prevê, contando que o mercado esteja atento às novas tendências e comportamentos. Passado o impacto inicial da pandemia, «a economia começa a dar sinais de recuperação. O sentimento empresarial caiu sem precedentes, e recupera agora nos principais blocos económicos; o mercado acionista supera já os valores pré-crise, com exceção do valor financeiro. Há sinais claros de retoma em Portugal, mas o desempenho é muito marcado por exemplo pelo peso do turismo, que vai demorar mais a recuperar».

Se o impacto imediato é «visível e gravoso», o impacto estrutural «vai depender da pandemia e da reação dos agentes económicos. A inovação, capacidade empresarial e funcionamento das instituições do Estado serão determinantes no pós-pandemia». Em Portugal, considera que «uma das prioridades deveria passar pela extensão das moratórias a alguns setores de atividade, nomeadamente os que não podem guardar stock».

Certo é que «o Millennium bcp está empenhado a apoiar a economia e o investimento», e afirma-se sólido «para poder ajudar. A nossa prioridade passou do crescimento para o reforço do balanço, e estamos bem preparados».

José Maria Brandão de Brito, Economista-Chefe do Millennium bcp, deixou também uma nota de otimismo, acreditando que a recuperação da economia no próximo ano vai minimizar o risco de incumprimento com o fim das moratórias do crédito. «O importante é que o mercado de trabalho já esteja em recuperação no primeiro trimestre de 2021», quando terminam estas moratórias. «O desconfinamento está a levar a uma recuperação muito rápida, ainda que parcial. Em 2021 não vamos conseguir recuperar todo o prejuízo que tivemos, mas a recuperação será forte», acredita.

Borja Oria, Investment Banking da Arcano Partners, considera que o sentimento do mercado tanto em Portugal como em Espanha é positivo, apesar da «paragem devido ao confinamento. Há muta liquidez disponível no mercado, e os ativos imobiliários estão a ser um refúgio. Por outro lado, os juros vão continuar negativos nos próximos anos, e isso favorece muito o mercado imobiliário», nomeadamente o residencial, que considera ser aquele que mais interesse desperta.

Cyrille Mascarelle, Administrador Delegado da VICTORIA Seguros, confirma que no que concerne a promoção de nova habitação, «há procura, que tem de ser dinamizada. A promoção para arrendamento é claramente uma nova oportunidade de mercado para os promotores, uma forma de encontrar financiamento alternativo. É uma tendência que vem para ficar em Espanha e em Portugal», conclui. 

Saiba mais sobre a I Conferência da Promoção Imobiliária em Portugal.