COPIP
07/06/2022
Reabilitação nZEB, a "chave" para combater a pobreza energética
O investimento numa maior sustentabilidade dos edifícios, bem como na sua eficiência energética e integração no espaço urbano, foram alguns dos temas que marcaram o período da manhã na COPIP.
Reabilitação nZEB, a "chave" para combater a pobreza energética

Após uma análise e debate de assuntos como o acesso à habitação pelos portugueses, o mercado de arrendamento e as expetativas futuras no que diz respeito à fileira do imobiliário, durante o período da manhã na III Conferência da Promoção Imobiliária em Portugal, discutiram-se também temas como a sustentabilidade e a descarbonização.

Jacques Chanut, Presidente do Groupe SMA France

Jacques Chanut, Presidente do Groupe SMA France, introduziu o tema da sustentabilidade, com uma apresentação acerca da "sustentabilidade na construção & imobiliário como desafio de futuro!", onde delineou os desafios que a fileira do imobiliário enfrenta atualmente no que diz respeito à construção de edifícios cada vez mais sustentáveis. Entre os pontos que retratou, refere que num panorama geral gasta-se muito de forma pouco eficiente, por isso, torna-se vital aumentar o desempenho energético e ambiental dos edifícios que construímos e sobretudo dos edifícios antigos.

O recém-eleito Diretor de ESG da Nhood Portugal, Pedro Mello Vasconcellos, numa apresentação designada “Go Green” – O caminho Carbono Zero para os edifícios do futuro", reforçou por diversas vezes que temos de «perceber o tamanho do problema da descarbonização» e que «a cada dez segundos, são lançadas 10 mil toneladas de gases com efeito estufa». Com base nos dados relativos às emissões nos edifícios, 70% durante a fase de operação e 30% na construção e operação, Pedro Mello Vasconcellos sublinha que «quanto mais reduzimos, menores serão os custos de compensação para colmatar os aumentos existentes», para isso, «temos que olhar para as energias que a natureza nos disponibiliza». Atentou ainda para o facto de que «as políticas públicas devem dar respostas rápidas» e, em conclusão, referiu que «os investimentos devem ser feitos neste momento. Devemos pensar em todo o território nacional».

Mesa-redonda de debate

Deu-se assim continuidade aos temas apresentados, numa mesa-redonda de debate composta por vários especialistas do setor, com a moderação de Manuel Collares Pereira, Scientific Advisor da Vanguard Properties. Nelson Lage, Presidente da ADENE, ao citar o programa ELPRE, que prevê a reabilitação de 100% dos edifícios do parque nacional até 2050, acredita que estas «são metas ambiciosas e estou mais do que certo de que serão implementadas. É necessário até anteciparmos estas metas, com urgência».

Além disso, afirma que há «um conjunto de medidas mais passíveis, de renovações mais simples», no entanto, no nosso parque nacional temos «edifícios que carecem de intervenções mais complexas». Referindo-se à reabilitação urbana como chave para os edifícios nZEB, pois «não podemos contar com 15 mil novos fogos por ano para chegar aos nZEB», acredita que esta «[reabilitação urbana] deve ser vista como prioridade», para isso tem que «haver um grande esforço em conjunto, a reabilitação é papel de todos os setores (...) política adequada e articulação setorial: a energia é transversal».

Em termos de investimento, José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, frisa que de facto a eficiência energética «é um tema central para os investidores», referindo o caso da Terras da Comporta, que ofereceu aos seus clientes oportunidades de investimento tendo a sustentabilidade com centro. Em termos dos edifícios nZEB, refere que as pessoas «têm de perceber que os edifícios nZEB vão valorizar de facto o património do edifício num futuro próximo». Atentando para o papel do promotor num determinado empreendimento, Carlos David, Diretor de Development da Nhood Portugal, frisa que «quando falamos de empreendimento, nomeadamente em construção nova, quanto mais qualificado for o promotor, maior será a sua preocupação com a sustentabilidade».

"A interação entre todos os stakeholders do território é fundamental"

Ainda de acordo com Carlos David, Diretor de Development da Nhood Portugal, quando olhamos para os setores observamos separadamente o setor do retalho, logística etc., no entanto «devemos olhar para a integração dos edifícios no espaço urbano, ou seja, para o desenvolvimento do território (...) o edifício é uma pequena parte na equação. É fundamental a interação entre todos os stakeholders do território». Fernando Gandra, Diretor Comercial, Uponor Portugal, reforça também o que foi afirmado por Carlos David, «um edifício não está sozinho, está integrado em termos urbanos». Para além disso, referiu que a Uponor Portugal tem «claros objetivos na área da sustentabilidade, procuramos reduzir a pegada carbónica» e enfatizou o papel que as smart cities têm enquanto «tema fundamental quando se fala em sustentabilidade».

Numa perspetiva da indústria automobilística, Paulo Manso, Diretor, C. Santos VP / Mercedes-Benz, enfatiza que a Mercedes tem tido o seu papel na promoção de uma maior sustentabilidade, «temos no mercado 5 soluções totalmente elétricas» e que «a nossa marca tem sido pioneira numa série de coisas». No entanto, atenta ainda para o facto de os carros elétricos «serem um desafio difícil, pois acarretam ainda certas dificuldades».

Para finalizar, assim como na mesa-redonda de debate da sessão anterior, o moderador questionou aos intervenientes presentes no debate “copo meio cheio ou copo meio vazio” relativamente a expetativas no que toca à sustentabilidade dos edifícios no futuro. De enfatizar que todos responderam "copo meio cheio", garantindo que com rigor, transparência e muito trabalho é possível atingir as metas.

António Miguel Castro, Presidente da CA da Gaiurb – Urbanismo e Habitação, EM e da Inovagaia

António Miguel Castro, Presidente da CA da Gaiurb – Urbanismo e Habitação, EM e da Inovagaia, encerrou o ciclo de sessões do período da manhã da COPIP, ao apresentar o estudo "Oportunidade de futuro – apresentação por Vila Nova de Gaia". Ao referir que a Câmara Municipal de Gaia é a única que faz a apreciação dos processos de licenciamento, alega que Gaia «tem um conjunto de investidores estrangeiros que estão a criar novos modelos de investimento. Temos de reter talento e conhecimentos, e criar oportunidades no nosso município (...) temos matéria-prima e população». Referiu ainda que a cidade está «a criar impacto», e que projetos como o Megaparque de inovação e tecnologia, um investimento previsto de 700 milhões, contribuem para o crescimento da cidade. Em termos do tema do licenciamento, destacou a plataforma de licenciamento urbanístico que a Gaiurb, juntamente com a Universidade do Minho e outras entidades, quer desenvolver.