Pequeno-almoço
29/09/2022
Comunidades energéticas são oportunidade de valorização dos ativos
No pequeno-almoço executivo organizado pela APPII, temas como a transição energética, os resultados económicos associados à sustentabilidade e a exploração da energia solar, foram alvo de debate.
Comunidades energéticas são oportunidade de valorização dos ativos

Com o mote “Comunidades Energéticas no setor da promoção imobiliária - Uma oportunidade de triplo valor”, realizou-se esta quarta-feira, 28 de setembro, o "41st Executive Breakfast Session", organizado pela APPII. José Queirós de Almeida,
CEO da Energia Unida/Grupo Green Volt, José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, João Tenreiro Gonçalves, Executive Partner da Bedrock, e Miguel Fonseca, Administrador da EDP Comercial, foram os oradores convidados desta sessão, durante a qual ficou patente que as comunidades energéticas podem ser uma boa oportunidade de criação de valor nos ativos imobiliários.

Tendo como meta «desenvolver o maior e mais sustentável projeto a nível europeu, com serviços, desporto, hotelaria, turismo e residencial, mais de 500.000de desenvolvimento», José Cardoso Botelho refere que a Vanguard Properties quer «inovação em tudo o que tem a ver com a água, com o método construtivo e com a energia. Nomeadamente, eficiência e suficiência energética». Assim, o responsável pela Vanguard Properties assume que, para atingir estes objetivos, «temos necessariamente de ter uma comunidade energética, queremos chegar aos 80% de autonomia, reduzindo o custo da energia em cerca de 40%. Nomeadamente no Carvalhal, poderemos transferir também a energia para a própria população, com o projeto Dunes».

"Energia limpa, mais barata e para todos. Este é o tema da transição energética"

Ao idealizar comunidades de energia/auto-consumo coletivo, José Queirós de Almeida, CEO da Energia Unida/Grupo Green Volt, sublinha que o «tema da transição energética» prende-se com o facto de querermos «energia limpa, mais barata e para todos». Referindo que o Grupo Greenvolt «assume um posicionamento único no setor das energias renováveis (...) temos 38 comunidades em implementação, num total de 21.16MW de instalação, em vários setores», José Queirós de Almeida atenta para o facto de a Europa ter «um desafio claro de independência energética» e que «temos obrigação de explorar o sol em Portugal».

"Olhar para a energia numa lógica de valorização dos ativos"

José Queirós de Almeida considera que hoje «o setor da energia ganha outra importância» e que devemos considerar a energia como uma «lógica de valorização dos ativos». O CEO da Energia Unida/Grupo Green Volt acrescenta ainda que «tudo isto, sem sustentabilidade económica não funciona. E esta abordagem permite vantagens para os proprietários e para os utilizadores. A nossa abordagem passa por olhar para um ativo e como valorizá-lo, e numa lógica de partilha».

Foi apresentado também no pequeno-almoço executivo, por João Tenreiro Gonçalves, Executive Partner da Bedrock, um caso de estudo da empresa na área da logística, na perspetiva do ESG. Este é «um segmento associado a mais externalidades negativas para a população local, como a poluição ou poluição sonora», João Tenreiro Gonçalves refere que juntamente com o Europi Property Group «constituímos uma joint-venture para investir em Portugal, que tem mais de 150.000em carteira neste momento. Temos grandes preocupações de sustentabilidade no que fazemos (...) criámos a marca Ecologis. Fizemos uma parceria com a Energia Unida, que vai permitir disponibilizar energia aos inquilinos a preços mais competitivos, e maximizar o valor dos ativos».

Tendo em vista que a «banca e financiadores cada vez mais pedem que parte do investimento seja alocado a projetos e componentes de sustentabilidade», João Tenreiro Gonçalves salienta que é necessário que as empresas tenham «soluções para responder a estas exigências de ESG». Admitindo que «40% das emissões dizem respeito ao imobiliário, 70% geradas pela ocupação e geração de energia para os mesmos», o Executive Partner Bedrock sublinha que «qualquer iniciativa de descarbonização tem de passar pelo imobiliário» e que a «pegada de carbono cria risco de desvalorização dos ativos imobiliários, correm risco de obsolescência. Novas fontes de valor e de rendimento podem ser geradas», acrescenta.

O representante da Bedrock conclui que o «ESG é uma ferramenta de criação de valor» e que «cada vez mais ocupantes estão disponíveis para pagar um green premium por ativos logísticos».

"A sustentabilidade está fortemente ligada à criação e valor"

É o que refere Miguel Fonseca, Administrador da EDP Comercial, ao salientar que as empresas que «estão à frente» em termos de sustentabilidade, que «está fortemente ligada à criação e valor», têm de facto «resultados económicos». Considera também que a «economia verde é muito positiva» e que «as empresas são mais atrativas para colaboradores e investidores e parceiros, quando são sustentáveis (...) e o imobiliário está nessa interseção».

Sobre as soluções de energia solar da EDP, o administrador explicou: «podemos tomar conta do investimento, e dar garantia de retorno. Podemos gerir o ativo. Podemos colocar os painéis no telhado para auto-consumo e conseguir energia mais barata. As comunidades implicam ceder o espaço para vender essa energia. Temos 850 clientes de comunidades solares em Portugal. Nós responsabilizamo-nos por todo o processo». Refere também que há distintas oportunidades de negócio, por exemplo a cedência de terreno ou cobertura para instalação dos painéis: «o proprietário pode receber uma renda pelo espaço cedido. A EDP toma todo o risco de colocar essa energia, o promotor não paga nada (...)».

Já os inquilinos, podem ter «opção de auto-consumir energia verde por um preço inferior à tarifa de retalho». Optando pela solução para uso próprio, «o cliente paga a energia consumida através de uma tarifa fixa inferior ao mercado».

Em termos de componente de carregamento de mobilidade elétrica, público ou privado, Miguel Fonseca considera que «é crítico para assegurar soluções“future proof” (...), teremos sempre limitações de carregamentos de carros elétricos, os hábitos têm também de mudar». Revela ainda que o tema da «gestão de potência e a relação dos vizinhos com os espaços comuns preocupa-nos, temos condomínios que já esgotaram a capacidade instalada», no entanto, revela que a solução é "simples": uma «gestão dinâmica de capacidade, via plataforma remota, por exemplo. Há também os temas das contas. E temos soluções para estas questões».

Pedro Vicente, vice-presidente da Habitat Invest, completou que «estamos muito atrasados nestas questões, principalmente se compararmos com outras cidades. Temos muito pouco fotovoltaico instalado, temos de pensar em aceleração».