Turismo Residencial
08/03/2022
Setor das Branded Residences cresce, e futuro é “brilhante” em Portugal
As Branded Residences cresceram 230% nos últimos 10 anos a nível global. A Karl Lagerfeld é exemplo de uma marca de alta costura que se volta agora para este setor, e que assume estar interessada no potencial de Portugal, nomeadamente nas zonas de Lisboa,
Setor das Branded Residences cresce, e futuro é “brilhante” em Portugal

O setor das Branded Residences está a crescer em todo o mundo, em vários formatos e segmentos de mercado, e Portugal está bem posicionado para ter mais oferta deste género, que pode ser atrativa, nomeadamente, para o negócio dos promotores imobiliários.

Quem o garante é Riyan Itani, Director Head of Global Residential Development da Savills no Reino Unido, que participou na 40ª Executive Breakfast Session da APPII desta semana, dedicada ao tema “Standing out in a crowded market with Branded Residences”. Está convencido de que Portugal «está numa posição fantástica» neste segmento, com vários projetos já em funcionamento, e outros tantos em pipeline «que duplicam em 5 anos o número de ativos existentes», de que são exemplo o Ombria Resort, o Palmares Ocean Living & Golf, ou o W, no Algarve.

Itani está a acompanhar de perto três novos projetos deste tipo na zona do Algarve, e garante que «há muito apetite para Lisboa, Porto ou Comporta». O futuro «é brilhante para este mercado em Portugal, que é o 11º país do mundo com mais pipeline. Comparado com Espanha, está muito à frente em termos de compromisso das marcas ou de oportunidades de desenvolvimento».

As Branded Residences podem desenvolver-se em vários modelos, nomeadamente turístico, de luxo, mas não só, também o Upper Upscale ou residências de estudantes integram este tipo de negócio, e permitem maior diversidade de mercados e geografias. E Portugal pode estar bem posicionado para o luxo, wellness, desporto ou mesmo para o segmento turístico urbano em Lisboa e Porto, identifica o consultor, lembrando sempre que «as Branded Residences não são só para os mega ricos», e que os segmentos além do luxo têm muitas oportunidades.

Trata-se de um segmento imobiliário que registou um crescimento de 230% a nível global nos últimos 10 anos, e mantém a tendência de aceleração, com a Ásia/Pacífico ou a Europa a ganhar terreno. Operam hoje 133 marcas, entre as quais a Trump, Marriott, Four Seasons, Bayan Tree Group, Hilton, entre outras, mas podem não ser necessariamente hoteleiras, apesar de este ser o tipo que deverá continuar a dominar o mercado.

Entre as valências mais procuradas pelos clientes estão, em primeiro lugar, as experiências gastronómicas, wellness, desporto, desportos de água, cultura, aventura e natureza, experiência de negócios ou a sustentabilidade, por ordem. As amenities mais importantes são a conectividade à internet, spa, piscina, serviços wellness, segurança, ginásio e concierge, com os campos de golfe no fim da lista. Por isso, Itani alerta: «não aconselhamos a construir campos de golfe, invistam noutras coisas, como agroturismo, por exemplo. É muito dispendioso, e não é prioridade para os clientes».

Karl Lagerfeld procura oportunidades em Portugal

A Karl Lagerfeld é exemplo de uma marca de alta costura que aposta agora também no segmento de Branded Residences, e mostra-se interessada em Portugal.

Maggie Priori, Senior Vice President Licensing da Karl Lagerfeld, também convidada da APPII nesta sessão, partilhou que a marca leva o legado de Karl Lagerfeld para o imobiliário através destes projetos, que «fazem sentido, dado que uma das suas paixões era a arquitetura de interiores. Temos fonte de inspiração ilimitada para a nossa marca por isso», nomeadamente a partir dos seus apartamentos, por exemplo. Por outro lado, «pensar no Karl é pensar em luxo. Ele era um ícone, e traduzimos isso para a visão arquitetónica».

A Sierra Blanca, em Marbella, Espanha, é exemplo de um dos projetos que a Karl Lagerfeld está a desenvolver neste segmento. Um projeto luxuoso, sustentável, feito em parceria com um promotor imobiliário local, que pensou em todos os pormenores desde o início, desde a orientação solar, à sombra, às necessidades energéticas ou ao enquadramento específico de determinada paisagem na janela. «Queremos estar 100% envolvidos nas residências que desenvolvemos. Quanto mais estivermos, mais o projeto é fiel à marca».

Sem avançar pormenores, Maggie Priori admite que «esperamos ter em breve um projeto do género em Portugal. Queremos ter um ou dois projetos particularmente consistentes com os valores da marca, luxo e sustentabilidade, eventualmente próximo de Lisboa e também da Comporta, que é um destino muito “chique” e “francês”. Um edifício eco-sustentável deste género (Sierra Blanca) seria muito interessante para a zona», considera.

Um modelo atrativo para os promotores imobiliários?

As Branded Residences mostram ser atrativas para os promotores imobiliários em particular. Segundo a Savills, o Price Premium é de cerca de 18% nas cidades globais (como Londres, por exemplo), de 25% nos resorts, 44% nas cidades “emergentes”, que têm ainda pouca oferta, e de 29% na média global.

Mas os promotores podem questionar se este tipo de projeto é mais "complicado" que um dito tradicional, de venda a retalho. Maggie Priori testemunha que ter uma marca parceira nas Branded Residences não tem de ser «mais uma camada de complexidade, mas sim uma ajuda ao promotor a entregar algo fiel à marca. Nós questionamo-nos como vender melhor, e damos o ponto de vista da marca».

E Itani reforça: «os interesses dos promotores e das marcas estão alinhados. Não tenham medo deste modelo, confiem».